sexta-feira, 3 de abril de 2009

O que aprendi com o primeiro milagre de Jesus



O EVANGELHO de João em seu capítulo 2 nos fala como foi realizado o primeiro milagre de Jesus. Fui incentivado a ler e interpretar essa parte da bíblia e fiquei muito contente com a lição que tive. Então resolvi postar o resultado aqui no blog. Estamos abertos às críticas e ao debate a respeito daquilo que não foi observado na minha leitura.

Em resumo o texto bíblico revela que estavam Maria, Jesus e seus discípulos numa festa de casamento em Caná, um vilarejo da Galiléia. Em determinado momento acaba o vinho (a bebida mais popular do lugar e da época) e Maria comenta com Jesus a respeito do ocorrido. E a resposta do Cristo não foi nada animadora para Maria - "Mulher que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora." No entanto a agraciada faz juz a sua fama e dá ordem aos serventes - "garçons" - para que façam tudo aquilo que Jesus mandasse. Então Jesus ordenou que os caras enchessem d'água alguns recipientes, que eram usados para a purificação dos judeus, e depois que levassem ao mestre da cerimônia. Sem nenhum passe de mágica a água já chegou ao MC transformada em vinho. E esse foi o primeiro registro de milagre de Jesus.

Logo de cara levantei alguns questionamentos, como sempre faço com qualquer leitura, para entender o que levou Jesus a rejeitar e depois acatar o desejo de Maria. Só que aqulio era um exercício muito racional para um texto que ultrapassa os limites da razão. Então procurei conduzi-la ao limite que ela teima em romper e pude encontrar muito mais respostas do que poderia imaginar. Aprendi algumas coisas com Maria e com Jesus

De Maria aprendi basicamente 5 coisas. Independente da ordem que considerei, são características fundamentais para a nossa vida.

1 - É importante ter intimidade com Deus.

Por motivos óbvios Maria tinha intimidade com o Deus encarnado. Ela era a sua mãe biológica e de criação. Mas a atenção dada às suas palavras vieram da intimidade que ela tinha com Deus em sua plenitude. Por isso ela foi eleita para ser a mãe do Messias, por isso foi chamada agraciada de Deus, por isso os cristãos católicos concedem, erroneamente, a ela a função de intercessora entre os homens e Deus.
Só um relacionamento de cumplicidade entre duas pessoas permite que usemos determinadas expressões, que ousemos em certos momentos, que não haja receio na relação.

2 - A sinceridade e genuinidade de coração agradam a Deus.

Maria não teve medo de expor uma coisa óbivia para Jesus. Não se importou em ser rídicula ou que suas palavras fossem piegas. O vinho tinha acabado e todo mundo que estava na festa deve ter percebido isso, inclusive a galera que já devia estar pra lá de Bagdá (Bagdá, entendeu?). Devia ser a única bebida da festa. Claro que a falta dela seria perceptível.
Se Jesus fosse tivesse a personalidade do "seu Saraiva" certamente Maria teria levado uma resposta daquelas. Mas Jesus não era soberbo e sabia que aquela mulher agiu com sinceridade e foi genuina em seus atos. Ela não queria passar à frente do Mestre, simplismente queria vê-lo em ação. Então serviu de escada na situação, assim como o Dedé era o escada do Didi nos Trapalhões.

Em quantas situações a gente deixa de expor coisas óbivias para Deus e perdemos a chance de achar graça diante do Altíssimo? Eu sei que Jesus falou que o Pai sabe do que precisamos antes mesmo de declararmos. Mas estou falando de falhas na comunicação que partem de nós. Falo daqueles momentos que o orgulho, ou a incredulidade, ou o relaxamento, ou a timidez tomam conta e nos impedem de ter o mínimo de contato com Deus. É preciso deixar o lance fluir naturalmente. Tenho certeza que Deus ficará feliz em ouvir a gente declarar todas as coisas que precisamos e que ele certamente já sabe há tempo. Não é nada não é nada, mas eu associo assim: sei que minha esposa me ama, mas é maravilhoso ouvi-la dizer isso; com Deus deve ser parecido.

Outra coisa, o cúmulo do rídiculo é quando a gente tenta ser sincero. Me lembra muito um monte de cults, indies, pseudo-intelectuais, essas coisas personalidade forjadas da pós-modernidade, que forçam uma barra para parecer algo que definitivamente não são. Não tente ser sincero. Seja!

Uma coisa que me incomodou foi que primeiro percebi ingenuidade nas palavras de Maria. Mas na verdade logo em seguida me senti tão estúpido quando um monte de ateus, céticos e críticos do evagelho que, arrogante e ignorantemente, dizem que os "crentes" são geralmente pessoas ingênuas e psicologicamente fragilizadas. Dá um tempo. É muita falta de criticidade pensar assim. A realidade mostra que existem muitas pessoas fortes ao ponto de influenciarem as outras. Fortes ao ponto de negarem a Deus com seus atos, mesmo participando ativamente do clero (isso em todas as camadas). A ingenuidade é uma falácia proporcional. Eu diria que os ingênuos dentro das igrejas são tão raros quanto as virgens e os virgens.
Bem, definitivamente Maria não foi ingênua diante de Jesus. Ela certamente tinha consciência plena do que estava fazendo. Então eu troquei a ingenuidade por genuinidade. Encaixou melhor na situação.

3. Tenha fé em Deus, tenha fé na vida.
Ela tinha a certeza de que Cristo é o filho de Deus e o próprio Deus. Sabia que Ele seria capaz de realizar coisas sobrenaturais - lembrando que a natureza divina é sobrenatural para nós. Tinha a certeza de que ele atenderia ao desejo do seu coração.

Opa! Deus atender ao desejo do nosso coração sempre foi um clichê que me incomodou, pois muitas pessoas usam disso para legitimar práticas incoerentes com o que Jesus ensina a respeito do que é o Reino de Deus. Neguinho tem uns desejos superficiais que não tem o menor sentido em ser atendido nem por outro humano, quanto mais por Deus. O que o Todo-Poderoso tem a ver com nosso desejos toscos?
A fé de Maria estava depositada na realização de uma coisa superficial, que era resolver o problema da falta de vinho, mas o desejo do coração dela não se baseava em algo superficial. Primeiro porque o desejo do seu coração se baseia na sinceridade e na genuinidade, segundo o que já falamos. Em segundo lugar o seu desejo era ver a minifestação do Cristo, que também certamente era a vontade de Deus.
Portanto cheguei a algumas conclusões como:

-Se o milagre que você espera é algo superficial e sua sinceridade é também superficial, sua fé pode ser maior que um grão de mostarda que será difícil Deus atender.
- Ainda que seu milagre seja a solução de algo extremamente necessário, se não houver sinceridade é provável que você continue com o problema.- A fé, a sinceridade e a intimidade com Deus caminham juntas para a realização do milagre. A fé é motor, a sinceridade o combustível e a intimidade o catalisador.

Um comentário:

Franci Samveira disse...

Olá!
Eu li "A Cabana" e esse livro mexeu muito comigo, além da história ser muito interessante, fala também que Deus gosta de ouvir histórias e Ele gosta do modo que a gente conta, mesmo ele sabendo o que a gente está passando Ele gosta da nossa interpretação da e sobre a história...
Esse texto foi muito interessante..



P.S: Domingo não deu para conversarmos, né? Me desculpe... Falei nem oi...
Vc estava conversando com Fox e eu não quis atrapalhar, às vezes fico com vergonha... tipo, de atrapalhar algo e tal...