terça-feira, 29 de maio de 2007

Teolorgia

Com exceção dos ateus, todos querem chegar mais próximo de Deus. Uma atitude bonita, dependendo das intenções, claro. Os cristãos, independente de crença, raça, cor ou opção sexual, são os que mais almejam tal privilégio. Senão em qualidade, pelo menos em quantidade somos líderes. Como se sabe, segundo o pressuposto da onipresença divina, Deus está em todo lugar simultaneamente. Isso nos exime de romarias, marchas, templos, galpões, cinemas, cavernas, terreiros, tendas e montes, entre outras topologias. Mas como vocês sabem (ou deveriam saber) a raça humana foi criada a imagem e semelhança de seu criador. Ou seja, também somos criadores. E, não sei em relação à divindade, mas entre nós humanos essa habilidade chama-se cultura. Isso nos leva a criar lugares específicos que nos aproximam ou afastam de Deus, embora ele continue presente em todos os lugares, inclusive em casas de ateus e outros céticos. Isso explica certas topologias atribuídas à devoção.
A cultura também é responsável por mais um meio entre a divindade e a humanidade: os objetos sagrados ou santos. Nisso, os cristãos católicos estão bem à frente dos crentes. Mas boa parte dos protestantes, pelo menos no Brasil, estão dispostos a correr atrás do prejuízo. À revelia do óbvio ululante descoberto por Lutero, essa cultura de objetos como sendo a personificação e presença divina se dissemina com facilidade. Afinal de contas é um bom negócio. Roma e Miami não me deixam mentir.
Com exceção dos verdadeiros, todo cristão acha que vai chegar mais perto de Deus porque: freqüenta aquela vigília; esteve perto do Papa; bebe a água do copo em cima da tv; ascende uma vela gigante e fedorenta; beija a santinha; usa vestidão monocromático; marcha pra Jesus no sambódromo; sobe a Penha de joelhos e desce rolando; manda um
cirque du soleil for Jesus; não come costelinha de porco; só ouve música gospel... A lista é grande, mas como diz o povão: Deus é mais
. Então, pra ser coerente com a fé e com o ditado, importa que sejamos menos.
Mas, diz aí, não é fácil ser menos né não? Quem quer ser o menor? Com exceção dos dignos, todo cristão quer ter carro do ano, chapeleta de ouro, casa grande (com direito a senzala e tudo), dólar na bíblia, férias em Miami, prosperidade, saúde, graças e bênçãos sem fim. Do maior ao menor, do católico ao protestante. Todo mundo interessado no Pai Nosso, mas o venha nós o teu reino, nada. Mas eu sei bem o porque disso. A cultura nos dias de hoje, como ontem e anteontem é de massa. Como tem sempre um representante(?) de Deus à frente da massa: dá-lhe fermento. Na ceia tem pizza ao inv
és de pão. Mas vocês sabem (ou deveriam saber) o problema não está nas coisas em si. Então respondam: onde reside o problema? Amarre esse encosto e pense direitinho antes de responder.